"IT’ S EMPTY OUTSIDE_Essay for Exhibition in Borrowed Space“ 

“FUORI è VUOTO_Ensaio para Exposição em Espaço Emprestado“

is the first chapter of the Trilogy IMPERMANENCE, presented in the format of essay in “EspaçoEmprestado” (a studio- living-space that has allowed the experience of daily co-existence with the works developed). 

This work more than presenting an object understood as a final product, shows itself as a process composed in time.

 

The "Borrowed Space" has been essential to the development of the work as it performed a double function:

 

-that of “housing” (protecting the succession of everyday gestures punctuated by the awakening and sleep); 

-and that of “empty space” waiting to be occupied.

 

Some spaces thus house objects heaped and collected over time.

Some of these objects can be useful for everyday actions; others serve as support and “body” that organically welcomes the manifestations of a creative process coming to life and materializing day after day.

 

This process develops in a discourse with autobiographical roots, showing experiences and reflections on ideas of transition, permanence and impermanence, temporality and spatiality, as well as on personal questions about existential issues of living and dying.

 

The idea of “accomplishment” appears and declares itself inappropriate. 

Life is here interpreted as a “Transience” requiring with urgency the development of the ability of appreciation of the present moment.

The enjoyment of this ability resides in taking advantage of the possibilities offered and is based on the exercise of reading and interpreting 'in the distance' - that is, managing to maintain a distance from emotions and / or places).

This is a critical skill that, when refined, permits an access to a more comprehensive understanding of life’s structural and constituent lines.

The experiences enjoyed throughout life follow each other with an increasing rhythm, proportional to the perception of the speed of time-flowing.

 

The gaming experiences (typical of a defined and limited period of life) are concluded here, as well as the empty spaces of the uninhabited houses just contain very few elements and reveal a vitality that was once enjoyed and shared, surrounded and protected by structural walls.

 

Even the attempt to capture and recreate the illusion of the vibration of life through photography fails when showing a sequence of frames-per-second that could potentially provide the effect of the movement in children's games; it becomes instead a sort of silently unfolding repetition.

 

Images of spaces coexist with natural elements trying to recover some lost vitality.

 

What is structural in a house, in a plant, in a speech, in a relationship, in a life?

Which are the force-lines e and the fundamental elements for organic development?

 

With its title “Fuori è Vuoto” (“It is Empty Outside”) the work seems to suggest the possibility of changing the usual interpretation associated with the terms “interior” and “exterior” to the extent that these terms are no longer directly identifiable with spatial references in the material world.

 

There is a fragility and vulnerability that permeates the whole work, including the materials chosen to realize it.

A fragility belonging to the human condition and that exposes the individual to the life-long-process of building and understanding his own identity within the elements that render him recognizable and socially accepted.

 

An ongoing attempt at construction and ruin.

The reference points are constantly being reformulated.

 

What remains is sounds: ephemeral intangibles even when recorded and reproducible:

 

-children’s voices in the school playground, picked up from the window of an old kitchen;

-music from the Vienna New Year's Concerto (which was broadcasted live for years on Italian television on the 1st of January) and which are now available to infinite repetition on the internet;

-voices that provide flight instructions;

-voices captured in the intensive-care-wing of an Italian hospital: voices that assist and accompany the last days of a human being's life.

 

The movement is circular.

There is no specific indication of beginning or end.

There is a flow of everyday gestures never equal to themselves;

a coming and going; 

attempts to take root or to cut roots facing the illusions and disappointments of the journey.

 

Fuori è Vuoto/It’ s Empty Outside

(Lisbon, May 2019)

 

To Mario, La.Li.Lu-SoLe, Th.

 

Thanks you Claudia Pestana, Pedro Faro (Silver Donkey), Pedro Lagoa for your help, support and presence.

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“FUORI è VUOTO_Ensaio para Exposição em Espaço Emprestado“

è um trabalho que mais do que apresentar a concretização de um objecto entendido como produto final, mostra-se enquanto processo que se compõe no tempo.

Este espaço, um espaço emprestado, tem sido essencial ao desenvolvimento do trabalho, dado reunir e exercer uma dupla função:

a de “habitação” (que protege a sucessão de gestos quotidianos

pontuados pelo acordar e pelo adormecer); e a de “lugar vazio” à espera de ser ocupado.
Alguns espaços abrigam assim objetos amontoados e colecionados no tempo.

Alguns desses objetos podem ser úteis às ações quotidianas; outros servem como suporte e corpo que organicamente acolhe as manifestações de um processo criativo que ganha vida e materializa- se dia após dia.

Este processo desenvolve-se num discurso com raízes autobiográficas, exibindo vivências e reflexões sobre ideais de transição, de permanência e impermanência, de temporalidade e espacialidade, assim como interrogações pessoais sobre questões existenciais do viver e do morrer.
Um ‘Todo’ aparece e declara-se provisório. A vida é aqui interpretada como uma “Transitoriedade” que se faz acompanhar da urgência e da necessidade de desenvolver uma capacidade de apreciar o momento presente. 

O usufruto desta capacidade reside no aproveitamento das possibilidades oferecidas e reside num exercício de leitura e interpretação ‘ao longe’ – isto é, através do distanciamento das emoções e/ou dos lugares).

Esta é uma habilidade crítica que, ao ser apurada, torna acessível uma compreensão mais abrangente das linhas estruturais e constituintes do viver.
As experiências saboreadas ao longo da vida seguem-se umas às outras com um ritmo crescente e proporcional à percepção da velocidade do transcorrer do tempo.

As vivências de jogo (próprias de um período definido e limitado da vida) estão aqui concluídas, assim como os espaços vazios das casas inabitadas já pouco contem e revelam duma vitalidade que noutros tempos foi saboreada e partilhada ao abrigo das suas paredes.

Até a tentativa de capturar e recriar fotograficamente a ilusão da vibração da vida falha quando se mostra uma sequência de frames por segundo que poderiam disponibilizar o efeito do movimento dos jogos das crianças. Esta falha transforma-se no que parece ser uma mesma fotografia desdobrando-se silenciosamente sobre si mesma em repetições aparentemente iguais entre si.

Imagens de espaços convivem com elementos naturais tentando recuperar alguma vitalidade perdida.
O que é estrutural, numa casa, numa planta, num discurso, num relacionamento, numa vida? 

Quais são as linhas de força e os elementos fundamentais para um desenvolvimento orgânico?

Com o seu título “Fuori è Vuoto” (“Fora está Vazio”),

o trabalho parece sugerir a possibilidade de alterar a interpretação usual associada aos termos “interior” e “exterior”, até ao ponto de estes

já não serem identificáveis diretamente com referencias espaciais do mundo  material.
Há uma fragilidade e vulnerabilidade que permeia o trabalho todo, incluindo os materiais escolhidos e em questão.

Uma fragilidade própria do ser humano, ao longo do processo de construção e de compreensão da própria identidade e de definição dos elementos que o identifiquem e rendem reconhecível e socialmente aceite.

Uma tentativa continua de construção e ruína.
Os pontos de referencia estão em constante reformulação.

Restam os sons, efêmeros intangíveis mesmo quando gravados e reproduzíveis: 
vozes de crianças, no recreio da escola, captadas desde a janela de uma antiga cozinha; 

músicas do Concerto de Ano Novo de Viena, que por habito ouvem-se em família, em direto na televisão, e que agora estão disponíveis em repetição infinita na internet;
vozes que fornecem instruções de voo; 
vozes captadas na ala dos cuidados intensivos de um hospital italiano, vozes essas que assistem e acompanham os últimos dias de vida de um ser humano.

O movimento é circular.
Não há indicação específica de começo nem fim.

Há um fluir de gestos quotidianos nunca iguais a si mesmos;
um ir e vir, e as tentativas de enraizamento ou de desenraizamento perante ás ilusões e desilusões do percurso.

Fuori è Vuoto

(Lisboa, Maio 2019)

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Para Mario, La.Li.Lu-SoLe, Th.

Agradecimentos a Claudia Pestana, Pedro Faro (Silver Donkey), Pedro Lagoa, pela ajuda, o suporte e a presença.

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